Conservadores e gays
26/03/13 16:41WASHINGTON – Tchau, orçamento empacado. Hello, casamento gay.
Washington mudou definitivamente de ares nesta semana, e a Casa Branca e o Congresso, em seu eterno e estéril embate sobre o orçamento, cederam o protagonismo à Suprema Corte.
Nas mãos dos nove juízes está a possibilidade de fazer história, e reverter a lei federal que diz que os Estados não precisam considerar casamentos gays realizados alhures e que cônjuges homossexuais não precisam ser reconhecidos na hora de receber benefícios do governo (pensões, facilitação de status de imigração etc).
Ou, por outro lado, também podem colocar na jurisprudência que casamento é só entre um homem e uma mulher, o que reverteria o status dos casais sacramentados nos nove Estados que permitem esse tipo de união.
Tudo parecia caminhar para a primeira possibilidade, sobretudo após o presidente Barack Obama tornar-se, no ano passado, o primeiro no cargo a reconhecer o direito ao casamento para pessoas do mesmo sexo.
O movimento foi ganhando fôlego e corpo com outras figuras públicas dos dois lados do espectro político — como os Clinton (e foi Bill, quando presidente, quem promulgou a lei que tira o acesso dos gays aos benefícios dos cônjuges) e o senador republicano Rob Portman, que revelou ter um filho gay (Will, 20, que na segunda escreveu este post sobre sua saída do armário).
As pesquisas de opinião indicam um apoio levemente majoritário ao casamento gay (em boa parte dos casos, dentro da margem de erro). Mas houve avanço tremendo nos últimos anos, talvez porque hoje quase 60% dos americanos saibam que têm um parente ou amigo próximo gay.
Mesmo entre os conservadores a percepção mudou, e muitos já pedem uma dissociação do debate sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo e o debate sobre aborto. Essa mudança no lado mais à direita é, em boa medida, geracional. Mas, quando ocorre entre os mais velhos, se dá em cima de dois argumentos:
1) para quem é contra o direito ao aborto (e, por favor, as pessoas são a favor do direito ao aborto, dificilmente alguém achará que aborto é uma coisa bacana de se fazer), o entendimento costuma ser o de que o feto é um ser vivo desde a concepção, e portanto a interrupção da gravidez mataria uma pessoa. Muito mais difícil é argumentar que o casamento gay prejudique alguém;
2) o governo não deveria se meter na vida privada — especialmente na vida sexo-afetiva — de seus cidadãos adultos (este é o argumento mais comumente evocado pelos libertários, que pregam o Estado mínimo, a liberdade individual máxima e , na hora de simplificar o espectro político, acabam mais identificados com o Partido Republicano).
3) Convicções religiosas não podem ser impostas pelo Estado;
4) A Constituição do país declara que todos os cidadãos são iguais perante a lei — inclusive para receber benefícios.
Tudo isso eu cansei de ouvir entre os conservadores com até 40, 45 anos durante as eleições, e funcionava meio como um broxante (com o perdão do trocadilho) na hora de o sujeito votar nos republicanos, por mais forte que fosse a identificação com o partido em questões econômicas e fiscais.
Curiosamente, apesar de todo esse movimento (a escadaria da Suprema Corte está lotada de manifestantes dos dois lados) e de tantos olhos atentos, os juízes parecem agora titubear. Na abertura do caso, nesta terça, houve questionamentos se já era mesmo a hora de tocar nesse assunto. Não foi um posicionamento contra nem a favor. Foi uma dúvida, mesmo, “mas jáááá?”
A decisão deve vir até junho. Se a hora não for esta, os juízes correm o risco de serem deixados para trás pela História.
Onde está o fundamento de que a união matrimonial de duas pessoas do mesmo sexo pode tisnar a vida privada ou pública de um casal heterosexual?
Onde está o fundamento, seja de que natureza for, de que a sociedade é moralmente atingida pela liberação da união matrimonial gay?
Tais fundamentos residem apenas na incapacidade de pessoas se desfazerem de sentimentos como a intolerância e o preconceito, e dar passos em direção à conciliação e à aceitação do outro tal qual ele é.
Exatamente. Ainda bem que cada vez menos gente, independentemente da inclinação política, acha que o casamento gay é um problema. Abs.
Como disse Rita Lee – :Casamento gay além de ser uma opção é um direito que assiste a quem ama de fato”
A palavra casamento jamais pode ser usada para definir a união homossexual. Casamento só entre gêneros diferentes. Pode-se usar parceria, união, companheirismo, menos casamento. A etimologia não deixa.
Marco Aurélio, o dicionário Houaiss discorda de você:
n substantivo masculino
1 ato ou efeito de casar(-se)
2 união voluntária de um homem e uma mulher, nas condições sancionadas pelo direito, de modo que se estabeleça uma família legítima
3 cerimônia, civil e/ou religiosa, em que se celebra essa união
4 vínculo conjugal entre um homem e uma mulher
5 Derivação: por extensão de sentido.
qualquer relação comparável à de marido e mulher
6 Derivação: sentido figurado.
associação, aliança
Ex.: o c. político de dois partidos
7 Derivação: sentido figurado.
combinação harmoniosa de duas ou mais coisas; união estreita e íntima
Ex.: o c. entre a inteligência e a sutileza
O fato de eu não aceitar tal união não quer dizer que sou intolerante. Até porque tolerar não é aceitar. Respeito a reivindicação dos homossexuais nesse sentido, mas não sou obrigado a aceitá-las, bem como aquele que é simpatizante ou adepto da homossexualidade, não precisa aceitar minha opinião, apenas respeitá-la. Quando há esse princípio do respeito, aí sim podemos ter diálogo, porém enquanto tiver essa questão de porque eu não aceito ou concordo com sua opinião me faz ser taxado de intolerante (o que é falacioso), então se torna difícil ter conversa. E isso acontece de ambos os lados, tanto dos homossexuais como dos heterossexuais.
Inaldo, tolerância ou não é questão pessoal. E acho que ninguém é obrigado a achar tudo bacana nem estar de acordo. O que não dá é para a metade da população que é contra o casamento gay impôr o pensamento dela à outra metade, ainda mais pela lei, ainda mais quando esse pensamento tolhe o direito de uma parcela significativa sem nada trazer de benéfico à metade da população que o impôs. E quando o único argumento evocado é religioso. O Estado é laico. E quem sai perdendo com o casamento gay? Ninguém. Às vezes acho que a parcela contrária reage como se a lei fosse impôr a todos se casarem com pessoas do mesmo sexo, sendo que a ideia é dar o direito a pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo de casarem também. Abs.
Este fenômeno “novo” do homossexualismo está abalando as bases da família – tal como era conhecida e compreendida até poucas décadas atrás. Concordando ou discordando com um ou outro ponto, o cerne é: a vida privada de outrem não diz respeito a quem quer que seja, muito menos ao Estado, que tem sempre questões mais relevantes para se preocupar. Se todos são iguais perante a Lei, todos têm o mesmo direito. Ponto.
A vantagem que vejo em toda esta discussão (cada vez mais globalizada) é que, cada vez mais, as pessoas querem ver a religiosidade e a ‘moral’, dissociadas do Estado, e cobrando a laicidade e o igualitarismo tão lindos escritos nas Constituições ocidentais.
Exatamente. As Igrejas trabalham com dogmas, e o fiel tem toda a liberdade de dissociar-se da Igreja e desses dogmas quando quiser. Ao Estado estamos todos submetidos, e ele deve tratar a todos como iguais. Abs.
Oi Luciana. Estao a complicar algo que ja havia sido solucionado e, precisava simplesmente de algum aperfeicoamento. Se nao, vejamos: Gays, lesbicas existem desde que o mundo eh mundo e, vivem juntos desde sempre. Bastaria legalizar isto civilmente, garantindo os direitos que qualquer casal hetero tem, e ha boa vontade neste sentido. O problema comeca quando um casal homo quer casar de veu e grinalda – o que acho algo primitivo mesmo para heteros – querem adotar criancas, querem implantar uteros em homens para que possam parir criancas e, por ai afora. Isso nao faz sentido algum e, ofende muita gente “normal”. Alguem ai disse que, uma crianca tem direito a ter uma mae mulher e um pai homem e, eh verdade. Qualquer coisa diferente, so ira construir franksteins. Que eh isso de homem gerar criancas? Nao mexam com a Natureza; o resultado eh funesto. Vivam la juntos; transmitam seus bens e direitos uns aos outros e, por favor, entendam: Uma pessoa com deficiencia fisica JAMAIS terah as mesmas capacidades de uma pessoa nao-deficiente, por mais acomodacoes possamos fazer. Aplica-se o mesmo principio para essas deficiencias de identidade sexual. Sejamos humanos, caridosos, tenhamos compaixao, etc, mas sem atingir a dignidade das pessoas pelo exagero de cuidados. Estamos a chamar urubus de “meu louro”….
Bosco, costumo concordar com vc, apreciso seus insights, mas acho que nesta vc erra redondamente. Primeiro: casar de véu e grinalda é com a Igreja, não com o Estado. Cada religião que decida como achar que deve, e quem quiser que proteste ao papa, rabino, aiatolá, pastor, bispo, monge, dalai lama, pai de santo etc. Já o Estado deve dar a todos direitos iguais. Implantar útero em homem? Estou por fora, não tenho como opinar, não sabia ser possível. Mas a adoção de crianças por casais gays é tão saudável e recomendável quanto por casais heteros, e há vasta literatura sociológica a rspeito. Pelo seu raciocínio, viúvas, viúvos e divorciados também estariam lascados, e o modelo homem-mulher invariavelmente produziria seres humanos livres de qualquer problema. Ahã. Fora isso, achar que deficientes físicos não têm as mesmas capacidades é uma generalização errada e ofensiva. De quais capacidades você fala? E chamar orientação sexual de deficiência de identidade sexual é um equívoco tremendo, para dizer o mínimo. O casamento gay não prejudica ninguém. Cortar os direitos de uma parcela considerável da população, sim.
Luciana, por mais absurdo que pareca o que esta em discussao eh exatamente isto: tradicoes; veus e grinaldas. Que homens dormem com homens e mulheres com mulheres, isso acontece desde que o mundo eh mundo. Outra discussao em pauta: o vil metal, as herancas, os direitos. Acho que isso sim, eh um problema do Estado e, deve ser resolvido como qualquer questao de direito, sem emocoes; simplesmente como uma sociedade entre pessoas. Casal gays criando criancas, pode ter, sim muita literatura a respeito mas, muito pouca experiencia a demonstrar que isso da certo; e nao dara certo… Quanto a deficientes fisicos nao ofendi ninguem: Nenhum pessoa que nao dispoem das pernas, podera ser um futebolista. Nenhuma pessoa que nao tenha visao, serah um campeao de tiro… nao entender isso eh hipocrisia e falsa caridade. Homem que nao tem atracao por mulher e vice versa, tem uma incapacidade sexual, tambem insto nao requer muito para ser entendido.Viuvas, viuvos e divorciados sao situacoes civis e, nao fisicas ou psicologicas… Tudo neste mundo tem limites; fisicos ou morais. Voce pode tudo mas, nao deve tudo… O mais, eh caos, anarquia… Um homem, jamais serah uma mulher, e vice versa. Isso eh um limite e, nao ha saida, cara jornalista…
Essa decisão judicial americana abre importante precedente para uma questão em debate em todo o mundo ocidental. A meu ver, é extremamente injusto que um cidadão que arca com os seus impostos, direitos e deveres em sociedade e que é submetido a uma lei que prega a igualdade entre todos sem qualquer distinção esteja a mercê da decisão de terceiros. Resta esperar agora para que se faça história, cedo ou tarde.
Casamento é uma instituição religiosa que passou a ser reconhecida e incentivada pelo Estado porque a sociedade fez um juízo de valor e entendeu que essa é a melhor maneira de se procriar e manter a paz social.
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Judeus e cristãos entendem que deve haver monogamia. Muçulmanos e alguns mórmons adotam poliginia. Há quem adote a poliandria. Há quem entenda que o divórcio é aceitável, há quem entenda que não é. Há quem rejeite completamente relações incestuosas, há quem não veja problema (vide Patrick Stuebing e sua irmã Susan).
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E o Estado, de acordo com o entendimento (religioso, moral) da maioria da sociedade, ou seja, de acordo com um juízo de valor, incentiva a formação de determinado tipo de união. Outros Estados, Israel e Líbano, deixam que cada um se entenda com sua religião. Essa posição, aliás, é a de muitos libertários. Se o Estado é laico, deveria desvincular questões patrimoniais, tributárias, previdenciárias e etc. do casamento, pois casamento é algo de cunho pessoal e religioso e o Estado não deveria fazer juízo de valor sobre qual união é válida ou melhor que outras.
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No Ocidente, majoritariamente cristão, entende-se que casamento é a união entre um homem e uma mulher. O único tipo de união que, em princípio, 1) permite a procriação e o estabelecimento de uma família e 2) em que as partes entram em condição de igualdade – poliginia e poliandria permitem a procriação, mas não passam pelo crivo moral da igualdade. Então, a partir desse entendimento, o Estado faz a concessão de benefícios sociais, fiscais, patrimoniais, tributários para o tipo de união que julga válida, moral e digna de incentivo.
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Portanto, a definição de casamento passa, sim, obrigatoriamente, por critérios religiosos e morais. Qual união, se é que há alguma – diriam os libertários, deve ser incentivada e privilegiada pelo Estado? Que tipo de união é moralmente aceitável? Que tipo de união mantém a paz social? Heterossexual, homossexual, poligínica, poliândrica, incestuosa? Qual a razão para promover, reprimir ou perseguir criminalmente cada tipo de união?
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Lamentavelmente, o debate é feito com insultos e argumentos ilógicos. Há um confusão tremenda entre laicismo e ateísmo, um triste desconhecimento do que é casamento e de onde vem o envolvimento estatal. Mas militância e insultos há aos montes.
Acho complicado você usar a repordução como argumento, Joe. Casais inferteis então não poderiam ter direito ao casamento? O Estado deve zelar pela igualdade de direitos. Não acho que o casamento seja de cunho exclusivamente religioso, o significado religioso é embutido por quem acredita nele (e não há nisso nenhum problema). O casamento é um contrato social, e como tal deve ser concedido a todos os cidadãos adultos que o desejem, contanto que não resvale no direito de terceiros (o que seria o caso da bigamia, por exemplo). Abs.
A união entre homem e mulher é a única que, A PRINCÍPIO, gera uma família. Dois homens ou duas mulheres, já na largada, estão impossibilitados de gerar uma família. Sempre terão que recorrer a adoção e a algum doador de sêmen ou óvulo.
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Casamento vem das religiões. Depois veio o envolvimento estatal para conceder benefícios tributários, patrimoniais, regular divórcio, guarda de menores… Questão de fato, não de gosto.
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O Estado concede benefícios porque a sociedade entende que essa estrutura social deve ser incentivada. É justo que os gays não aceitem esse entendimento e lutem pelo mesmo reconhecimento. Assim como é justo que os bígamos e polígamos lutem por reconhecimento. A maioria não percebe, mas todos os argumentos usados pelos gays são válidos para defender os bígamos e polígamos, a única diferença é que bígamos e polígamos ainda estão moralmente condenados e não têm um lobby tão forte. Outra coisa que a maioria não percebe é que também é justo que se ache que a única união válida é entre um homem e uma mulher, que isso não é preconceito, não é perseguição.
Também é perfeitamente válido que amanhã o Estado conclua ser laico e neutro e não faça mais julgamento de mérito sobre qual união merece incentivo e passe a lidar com os cidadãos individualmente. E não será violação de direito civil de ninguém. Casamento NÃO é direito civil.
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O argumento de que o casamento deve ser concedido a todos os cidadãos adultos que queiram, abre as portas, ao contrário do que você diz, a bigamia, poligamia. Que direito de terceiro é infringido se 3 pessoas querem se casar? A união de 3 pessoas, é bom lembrar, já existe na prática e a pressão sobre as leis, assim como no caso do casamento homossexual, existe. http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2012/08/uniao-estavel-entre-tres-pessoas-e-oficializada-em-cartorio-de-tupa-sp.html
Esse entendimento alargado do que é família, que levou o Judiciário a ignorar a Constituição e o Código Civil e a legislar para a criação do casamento homossexual, já está reconhecendo bigamia e uniões até mais numerosas.
http://www.tjam.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4502:tribunal-aprova-pensao-por-morte-para-duas-mulheres-de-segurado&catid=33:ct-destaque-noticias&Itemid=185
http://amepa.jusbrasil.com.br/noticias/2947171/tj-julga-quadrilatero-amoroso-e-decide-dividir-pensao-entre-companheiras
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Ser favorável ao casamento homossexual é muito fácil. É o aplauso mais fácil de se receber hoje em dia. Mas a questão envolve muitas variáveis que muitos desconhecem:
* O que é casamento.
* Por que os casais recebem benefícios estatais.
* Por que outras uniões são reprimidas e até vistas como crime em certos lugares.
* O que são direitos civis.
* Diferença entre laicismo e ateísmo.
* Religiosos têm todo direito de opinar, assim como os jornalistas, psicólogos e engenheiros. As liberdades de culto e opinião existem para todos na democracia, não só para quem é militante das causas da moda.
* Por mais que a esquerda se ache a portadora do progresso e que suas bandeiras sejam sempre o rumo certo da História humana, isso não é verdade, como bem sabem os milhões vitimados pelo comunismo.
E o principal é aprender a conversar, a entrar no mérito do assunto e parar de atacar o caráter de quem discorda.
À bigamia não (porque ela pressupõe que um dos cônjuges não esteja ciente do arranjo). À poligamia, se for de comum acordo. Aí valeria discutir a questão dos benefícios — seria preciso restringi-los para que não se multiplicassem às cutas do Estado. Não entendi porque você menciona a diferença entre laicismo e ateísmo. Claro que religiosos têm direito de opinar, e têm, inclusive, de pregar a seus fieis. O que eles não podem é impor seu modo de pensar e suas crenças pela lei. Sobre ataques ao caráter, eles vêm dos dois lados e são lamentáveis. ABs.
Bigamia não pressupõe ignorância das partes. E o Judiciário daqui já não tem pudor nenhum em reconhecer as duas uniões e dividir os benefícios.
Por que toda vez aque alguém fala na liberdade de expressão de pessoas religiosas logo emenda essa história de que eles não podem impor suas crenças?
Por acaso alguma religião tem meios de fazer isso no Ocidente?
Quem diz isso acredita que os religiosos, já de cara, não podem prevalecer. Mas os liberais e ateus podem se impor a eles porque estão do lado certo da História.
Esse tipo de conversa tem história. Vem lá do anticlericalismo da Revolução Francesa e é ecoada pelos esquerdistas até agora.
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Tem muita gente que confunde o Estado não favorecer uma religião com o Estado buscar sempre contrariar qualquer crença religiosa. Em outro departamento, mas ainda sobre relação entre Estado e religião, muita gente acha que separação de Estado e religião é o único jeito de garantir liberdade dos cidadãos. E isso é bobagem pura. Estão aí Inglaterra e os nórdicos para contradizer.
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Os ataques partem de todos os lados, mas o linchamento moral promovido pela imprensa é de um lado só. Ao invés de esclarecer, de fomentar o debate, a imprensa se entregou à militância e ao assédio moral.
Sobre a liberdade de expressão, porque o que voê mencionou não foi falar sobre a fé, mas impor a mesma crença, via lei, aos demais. Cada um pode acreditar no que quiser, só não é correto impor ao outro. Vetar o casamento gay na lei evocando a fé é impor, Joe. Abs.
Sendo casamento algo oriundo das religiões, não vejo como invocar crença religiosa possa ser errado. Se tem alguém fora de lugar é o Estado, que não deveria dar palpite na vida conjugal/sexual/amorosa de ninguém. E por mais que haja quem não goste, nossas instituições, cultura e língua estão permeadas pela religião.
Se crenças religiosas e morais não podem entrar no debate, como justificar a interdição à poligamia, união entre três pessoas…?
Por mais que seja politicamente correto fazer de conta que casamentos homossexual e heterossexual são a mesma coisa, estão aí os fatos mostrando que não. Um gera descendência, o outro depende sempre de terceiros para gerar descendência e ainda assim de apenas um integrante da união. São uniões diferentes. O que não significa que não possam ser concedidos benefícios fiscais e patrimoniais.
Raciocinar com Lógica e Honestidade Intelectual é uma filosofia de vida da qual jamais vou abdicar. Assim sendo, para facilitar o entendimento de meu raciocínio, estabeleço as seguintes máximas: 1ª É desvio de caráter ou definição genética uma pessoa se sentir atraída sexualmente por outra do mesmo sexo? A minha formação escolástica e honestidade intelectual me dizem que é mera definição genética. Assim como é mera definição genética eu sentir atração sexual pelo sexo oposto ao meu. 2ª Essa definição genética que define a homossexualidade interferi na formação do caráter do homossexual? A minha formação escolástica e honestidade intelectual me afirmam que não, pois minha experiência de vida me afirma que a variação de caráter dos homossexuais é idêntica à dos heterossexuais, ou seja, há homossexuais afetados com o melhor e com o pior caráter humano. 3ª Os homossexuais são afetados pelos mesmos sentimentos de amor pelo seu próximo, bem como o desejo natural de constituir uma família e orientá-la em valores e princípios que normalmente são observados pelos heterossexuais? A minha formação escolástica e honestidade intelectual me afirmam que sim. 4ª Eles, naturalmente, têm desejo de alimento espiritual, através da prática de uma religião, acreditando em um Deus? A minha formação escolástica e honestidade intelectual me afirmam que sim. 5ª Eles também têm a natural necessidade a que sua relação conjugal, afetada pelo amor e respeito, possa ser oficializada em um casamento religioso? A minha formação escolástica e honestidade intelectual me afirmam que sim.
Não vou negar que ainda sou afetado por alguns preconceitos como, por exemplo, assistir a dois homens se beijando na boca perto de uma filha minha. Mas como eu disse, raciocinar com Lógica e Honestidade Intelectual é uma filosofia de vida da qual jamais vou abdicar; significando, portanto, que esses preconceitos devam ser sufocados. Assim sendo, sinceramente, espero que a Suprema Corte Americana decida a favor dos seres humanos homossexuais.
Professor Conservador Político Emilson Nunes Costa.
Perfeito, professor. Eu entendo quando o sr. fala que não ficaria totalmente à vontade se sua filha assistise a uma cena “quente”, mas eu suponho que tampouco ficaria à vontade se a cena fosse de um casal hétero voluptuoso. A questão, porém, é acreditar que os direitos devam ser iguais, esta é a parte fundamental. Abs.
Exatamente, Luciana. Da mesma forma me incomodaria. Eu acho que a comunidade homossexual deveria trocar a expressão “opção sexual” pela da “determinação genética da prefrência sexual”. Acho que ajudaria muito no poder de persuasão de suas causas.
Acho que o mais correto — entre o que é usado — é orientação sexual, que já denota essa determinação. Mas concordo. Opção parece escolha, quando não é. Abs.
Professor Emilson Nunes, digo-lhe que um homossexual não sofre nem de desvio de caráter, nem genético. rs
Da mesma forma que o estado determina quem pode ficar com quem, concordo que uniões raciais entre brancos e negros também devem ser proibidas.
Pois é. Teve gente no passado que também defendeu isso como antinatural.
Eu não acho o casamento gay um problema. por mim ok. Mas para mim tem assunto muito mais importante que ninguém está nem a, tal como pessoas exploradas na África em minas para abastecer multinacionais. Mas isto não tem lobby nem dá voto, nem é politicamente correto… Aborto é outra história. Casamento gay sem adoção não atrapalha niguém, isto é verdade indiscutível.
Ronaldo, é que é difícil, se formos esperar para resolver a fome no mundo para poder avançar com outras coisas, imagine… (Mas a questão da exploração na África é realmente deprimente). Abs.
Eu desisti de comentar no seu blogue. Já desapareceram 3 dos meus comentários nos últimos 10 dias.
Boa Sorte
Não desapareceram, Jack, eu é que estou demorando muito a aprovar por causa dos spams — são em média 400 spams para cada comentário real. Pode procurar que estão aí. Já pedi para o pessoal da técnica tentar resolver, mas ainda não conseguiram. Abs.
Não desapareceram, Jack, eu que estou demorando muito a aprovar por causa dos spams. São cerca de 200 para cada comentário real! Desculpe pelo transtorno, já pedi à t´cnica para resolver, mas ainda nnao conseguiram. Abs.
Jack, não desapareceram, eu que estou demorando a aprovar por causa dos spams — 200 para cada comentário real, em média. Pedi uma solução à técnica, mas ela ainda não chegou. Abs.
Luciana, tenho amigos gays. E os respeito. Não tenho nada a ver com a vida íntima e pessoal deles. Cada qual é livre para fazer suas escolhas. Por isso temos um espírito democrático. Bem, penso que a maioria o tenha. Entretanto, eu fico a me questionar que se a relação homossexual fosse algo natural, como se tem largamente proclamado, seria realmente necessária tanta discussão, tanta polêmica? Além do mais, tenho percebido que expor opiniões contrárias à questão tem dado bastante “dor de cabeça”. Não acredito que a discordância leve, necessariamente, à proibição. Falar em preconceito é discorrer acerca de algo que provavelmente desconhecemos, mas, nos dias de hoje, esse não é o caso.
Heloísa, eu acredito que querer privar uma parcela da população de direitos civis é, sim, uma forma de discriminação. Não estamos discutindo preferências, mas algo inato. E proibir em nome do quê? Porque para se proibir algo é preciso pensar no bem maior. O casamento gay prejudicaria os heterossexuais como? Acho difícil entender a lógica da privar de direitos uma parcela da população que não praticou nenhum crime e cuja equalização perante a lei não prejudicaria a parcela que já tem esses direitos garantidos. Quem respeita não discrimina, menos ainda perante a lei.
Seguindo a sua linha de argumentação, imagine se um amigo seu dissesse algo do tipo “eu tenho amigas mulheres, e respeito a vontade delas de querer trabalhar fora, mas acho que a ocupação natural da mulher é ficar em casa, cuidando da prole” (como foi por séculos a fio? como pregam muitas religiões?). Por que os gays deveriam ser meio-cidadãos, se pagam impostos e não prejudicam os demais? Por favor, me explique. Notei que no seu comentário você não afirma se é a favor ou contra o casamento gay, mas apenas que acha que os que são contra devem ter liberdade de expôr sua opinião. Concordo, e já temos todos. Só estou, da mesma forma, tentando explicar de onde vem a dificuldade dos que são a favor de entender o raciocínio. Abs.
Há duas questões aqui: ser a favor ou contra a conduta homossexual ou ser a favor ou contra ao casamento gay.
1. Sou contra a relação homoafetiva!
2. Respondendo a sua pergunta, devo lhe dizer que não, não sou contra ao casamento gay! Uma escolha, desde que seja lícita, não torna uma pessoa excluída no que diz respeito aos seus direitos cíveis/legais. Que haja ou não legalização para isso, a condição íntima e pessoal de cada um não vai mudar. Isso é fato! O que eu não entendo é que para que se alcance essa tão almejada conquista legal discutida tem de se levar em questão a condição natural humana. Por que levanta-se a ideia de que a relação homoafetiva é natural?! O que se antevem a lei é a argumentação teórica, chama-se doutrina. E é baseada nela que a legislação de cada país é construída. Não se muda uma doutrina! Poderia-se enumerar outros argumentos, tais quais você mesma relacionou acima, em resposta. Para finalizar, ambas concordamos quando diz que não se deve privar homossexuais dos direitos, outrora, garantidos ao povo de uma nação (sem restrições de raças, sexo, etc.), uma vez que não foi cometido crime algum, perante a lei dos homens. Não perante a lei homens…
Esqueci o “dos”? Vou consertar. Mas é isso, Heloisa, às vezes as pessoas reagem como se validar o casamento gay fosse o mesmo que obrigar todos os cidadãos a se casarem com pessoas do mesmo sexo. Parece loucura. Estamos falando de direitos iguais, e não de imposição. Os homossexuais não querem impôr nada, apenas ter os mesmos direitos legais que os demais cidadãos — nem mais, nem menos. Abs.
Luciana,
Viu o prédio da Suprema Corte atrás do rapaz que carrega o cartaz?
Há quase um ano atrás quando estive aí o edifício estava em reforma, como está agora, visto os andaimes. A Estátua da Liberdade também.
Me pergunto se estas reformas não são estratégia de segurança.
O que os locais pensam?
Nunca tinha parado para pensar, Wilson, nem ouvido essa ideia. É possível. Há vários monumentos aqui em reforma.
Sou totalmente favorável a casamentos gays, desde que sejam só entre políticos.
Tudo o que venha contribuir para
que eles não se reproduzam…
é bom para todos!